Saúde // Dia da Mulher
Mulheres em busca de prazer
Publicado em 07.03.2009, às 20h46
Gabriella Guerra Do JC OnlineO mundo celebra neste 8 de março o Dia Internacional da Mulher e, para comemorar a data, o JC Online resolveu trazer à tona um tema que é de interesse do público feminino, mas ainda é um tabu para boa parte da sociedade: o orgasmo. Preconceito, desinformação ou simplesmente vergonha acabam travando o debate sobre o assunto que, na verdade, é uma questão de saúde. De acordo com especialistas, o orgasmo é responsável por aumentar a sensação de bem-estar, melhorar a circulação sanguínea, a qualidade do sono e a autoestima das pessoas. "O indivíduo se sente mais pleno, mais feliz. Além de emagrecer, pois uma relação sexual bem feita pode corresponder a duas voltas num quarteirão, perdendo cerca de 600 calorias", ressaltou a ginecologista Terezinha Gomes.
Além da confirmação dos profissionais na área, a reportagem também foi às ruas para saber o que as mulheres acham sobre os benefícios de alcançar o mais alto grau de excitação durante o sexo. Para a comerciante Suely Barros, 48 anos, o prazer sexual é muito importante para aliviar as tensões do dia-a-dia. "É ótimo para o espírito, para a pele, é tudo de bom. No dia seguinte você fica feliz da vida, saltitante", afirmou. Já a pedagoga Feliciana Laurindo, 56, disse que o sexo é uma lei natural. "Foi criado por Deus. Então para quê ter vergonha? É bom demais porque rejuvenesce, motiva, traz disposição. Você se sente mais bela e mais atraente, mais mulher".
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No site do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática, o sexólogo e terapeuta sexual Celso Marzano ensina o que fazer para conquistar o pleno prazer. Para ele, o chegar ao orgasmo constitui um crescimento sexual e não é uma experiência isolada de prazer físico e psicológico. "Ele não depende só da excitação sexual, mas, sobretudo, da capacidade de entregar-se às sensações eróticas, de sentir-se à vontade consigo mesma, de amar-se. É o crescimento e amadurecimento sexual da mulher. Para viver esta experiência é necessário viver a entrega (...) descobrir o que gosta e o que não gosta durante o sexo", assegura.
Orientações que já fazem parte do dia-a-dia e posts do trio de amigas e blogueiras auto-denominadas de A Solteira, A Casada e A Divorciada. No blog 3x30 (em referência à faixa etária das moças), elas escondem a identidade, mas abrem o jogo sobre suas experiências de vida, incluindo aí as sexuais. "A proposta é mostrar o quão divertida e sofrida é a vida de qualquer mulher, seja ela solteira, casada ou divorciada", explicou A Casada. Para ela, o sexo é quase tão importante como comer e beber. "Com a diferença de que você não precisa fazer com a mesma frequência de comer e beber", disse. A Divorciada, que se considera liberal na cama, acredita que o importante na busca pelo prazer é não impor barreiras durante o sexo. "Faço o que quero com o meu parceiro e, se deixo de fazer alguma coisa, é porque isso não me agrada", disse. "As mulheres hoje fazem o que querem, ficam com quem querem, do jeito que bem entendem e são independentes. E os homens, acredito, dão graças a Deus por isso", completa A Solteira.
[As blogueiras foram convidadas pelo JC OnLine a escreverem um post especial sobre o tema em homenagem ao Dia da Mulher. Conheça o Blog 3x30]
Em contrapartida a estas mulheres e os benefícios que o clímax pode trazer, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) revelou que cerca de 30% das brasileiras com vida sexual ativa nunca tiveram um orgasmo. Como foi o caso da aposentada Carmem*, 59. Ela confessou à reportagem que passou 20 anos casada e nunca sentiu um orgasmo. De acordo com a ginecologista Terezinha Gomes, esta falta de orgasmo pode acontecer por diversos fatores físicos e emocionais. [saiba mais aqui]
Outro ponto que dificulta a mulher de alcançar o orgasmo são os fatores culturais e educacionais. Pois mesmo adotando um comportamento mais liberal, as mulheres ainda ficam reprimidas para viver livremente a sexualidade e criar meios que possibilitem uma descoberta do próprio desejo. "Embora já tenhamos passado por uma revolução sexual, ainda vivemos numa sociedade com uma cultura patriarcal e machista, onde a mulher é tida como objeto de desejo sexual do homem e precisa da lenda do amor para justificar o prazer, quando na verdade só é preciso de um corpo, o dela mesma", concluiu a mestre em sociologia da ONG S.O.S Corpo, Taciana Gouveia.
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